O caminhante vasculhava num dos bolsos do casaco, desbotado e remendado com restos de tecidos de todas as cores e texturas, seus segredos. Sua busca era cada vez mais intensa. Em nunca encontrara seu passado.
Morava nas esquinas e conviva com os perigos da noite numa rotina conflitante. Suas companhias mudavam a todo instante por destino, acidente ou fantasia. Os que escolhiam o destino se entregavam a vida. Por acidente aos seres humanos. Os da fantasia aos seus sonhos.
Ele era um da fantasia.
Acreditava ser seu o mundo e fazia o possível para torná-lo.
Todo o dia percorria a cidade com sua figura quixotesca. Quando não cantava músicas infantis ou de amor perdido recitava trovas.
Ia de casa em casa com seu molho de chaves, que era a extensão de seu corpo, de várias formas, tamanhos e cores com a intenção de encontrar parte de sua história.
Seu simples objetivo era encontrar uma porta que o acolhesse e pudesse afirmar que ali era sua morada. Mas, as pessoas achavam estranho um sujeito daqueles querer entrar em seu seio familiar. Alguém que devido aos vários sofrimentos possuía um o andar pesado, a tez suja e o a imaginação fértil.
Nada o impedia de construir sua busca fantástica. Em cada porta um afeto, cada acolhida uma esperança. E a certeza que sua aventura só acabaria com o final de suas forças, não por desistir. Por saber que na vida temos uma única e dolorosa certeza: da morte.
Assim como era corajoso, era acessível. Bastava um simples consentimento com a cabeça para torná-lo íntimo. Percebia a necessidade de qualquer pessoa num gesto. Quem mais haveria de saber do que aquele que encarava de perto todas as dores e sofrimentos de uma vida pesada?
“Meu Lírio despetalado
De amor e de afeição
Quero ver, quem tem medo
De se entregar ao coração”
Sabia conquistar as pessoas, e pesava fundo com suas palavras nos sentimentos alheios.
Cada porta fechada era a solidão lhe abraçando. O mundo se tornava mais real.
Desistir jamais!!
O mundo é um pedaço de tempo a ser percorrido por seus desejos de futuro.
E caminhava...
Marckson de moraes
09/05/2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
O que os olhos não veêm.
Seu corpo foi estremecendo e todos os pêlos ficando eriçados. A cada toque, um gemido. Um prazer incontestável e a certeza de que aquele era seu lugar. Seu momento.
O calor do ambiente com o seu fazia tudo ficar mais fantástico. Em certos instantes flutuava. Sentia o teto e o chão ao mesmo tempo. Conseguia nesse exato momento sair de si e ver-se tomado por tamanho prazer que sua respiração passara a ser controlada por seus movimentos. Bruscos, delicados, expansivos, contorcidos. Bailava em um ritmo próprio e desconhecido. Alucinado e delirante.
A pouca luz foi clareando sua face coberta de suor. Um vapor envolvia seu corpo e o conduzia na escuridão em direção à porta. Saiu do ambiente e sentiu-se pesado. Cansado. Sempre a mesma sensação. O ar frio o envolvia e provocara nele um choque térmico e moral.
Seu porte ereto e altivo indicava que o lobo saciara sua sede. Estava satisfeito por hora.
Precisava beber algo. Um líquido que o ajudasse a engolir a situação e diluir o doce sabor do pecado na sua boca. Pediu um uísque. Malte é um bom disfarce.
Agora com o paladar apurado. Voltou ao lugar escuro.
Seus sentidos aguçados causavam-lhe vertigens. Sua boca secara. A pressão em seu peito aumentava a cada passo. Seu sangue queria sair por seus poros. O desejo tomara-lhe conta quando invadia o breu. Retornou ao seu estado natural, instintivo, ao cio.
O relógio avisou que acabara seu intervalo. São 18 e 30. Precisava volver ao plantão. Tomou banho, vestiu o uniforme. Voltou ao batalhão. Amanhã regressaria a sauna e continuaria suas aventuras.
Marckson de moraes.
Meu corpo arde às chamas da paixão
Meus olhos constatam meu desejo:
Teu corpo.
Recolho em minhas pernas tua vontade
E absorvo tua essência.
Tua frente encaixa em meu verso
Escrevendo nosso destino.
E teu reverso me inspira.
Tua face branca ilumina meus sonhos
Teu corpo preenche meu vazio
E caminhamos.
(19/04/2010)
Marckson de moraes
Meus olhos constatam meu desejo:
Teu corpo.
Recolho em minhas pernas tua vontade
E absorvo tua essência.
Tua frente encaixa em meu verso
Escrevendo nosso destino.
E teu reverso me inspira.
Tua face branca ilumina meus sonhos
Teu corpo preenche meu vazio
E caminhamos.
(19/04/2010)
Marckson de moraes
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Caminho a longos passos sem destino algum.
Conheço pessoas, relembro momentos, transito entre a esperança de viver e a culpa da solidão.
Será triste amar assim?
O sofrer não pesa
me fortalece.
Te percebo alvo
Caminhando entre Lírios e girassóis.
com suas asas nos pés.
Teu rosto brilha em meus sonhos
e me enche de alegria ao lembrar que me fizeste sorrir,
chorar,
viver.
Amar e ser amado
Contigo cresci.
Tua ausência me renova.
Não me corformo com a perca.
Mas não foste embora...
Ficaste aqui.
em mim , em Nós.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Sabe, people!!
Encontrei uma na praça. A outra na rua, aos redores da praça. Por algum motivo tínhamos de nos encontrar. Destino. Sina. Acaso. Coincidência. Algo, que não sei explicar o que, nos uniu naquele pequeno espaço de tempo.
Uma sempre na presença da outra. Mesmo a quilômetros de distância. Existi um algo que as uni. Um cordão umbilical. Se vires uma com certeza sentirás a presença da outra. O cheiro de uma exala o da outra.
Elas pouco se encontravam, mas quando seus corpos ocupavam o mesmo espaço o mundo se tornava pequeno, do tamanho da conta de um colar de uma. E o tempo congelava em um relógio da outra. Seriam importantes, naquele instante, apenas as duas. O seu encontro.
Brigavam. E como brigavam. Só se briga com quem se ama.
Sentiam ciúmes. Muitos ciúmes. Uma da inteligência da outra, ou outra da inocência de uma. Mas se completavam. Yin Yang, sol e chuva, vida e morte. Sem dúvidas precisavam uma da outra e seriam capazes de matar e morrer.
E eu assistia aquilo com tanta alegria, pois, eu tinha me tornado uma espécie robótica de ser humano, sem sonhos e voltado às necessidades básicas que precisamos. Comer, beber, dormir, trabalhar. Fazer coisas comuns, ser uma pessoa comum. Como a vida. Minha vida. Estava definitivamente preso a uma rotina sufocante. E digo aquilo, assim alheio, por não saber como denominar exatamente esse sentimento existente entre ambas. Não é somente amor, mas, algo metafísico.
Então quando uma tocou minha alma e a outra o meu juízo. Borboletas percorreram meu corpo e saiam por meus cabelos. O ar que invadiu meus pulmões tinha um cheiro sândalo. Ao vê-las toda e qualquer luz existente entre nós era âmbar. Nada podia afastá-las de mim e eu estava completamente preso a elas e me entreguei tão intensamente aos seus sentimentos que meu coração explodiu em lágrimas. Meus olhos declaravam que eu sentia um prazer incontestável em encontrá-las. Algo que há tempos meu corpo desconhecia. Que durou pouco. Seis meses aqui. E eternamente com elas aonde forem.
26/09/09.
Marckson de Moraes.
Uma sempre na presença da outra. Mesmo a quilômetros de distância. Existi um algo que as uni. Um cordão umbilical. Se vires uma com certeza sentirás a presença da outra. O cheiro de uma exala o da outra.
Elas pouco se encontravam, mas quando seus corpos ocupavam o mesmo espaço o mundo se tornava pequeno, do tamanho da conta de um colar de uma. E o tempo congelava em um relógio da outra. Seriam importantes, naquele instante, apenas as duas. O seu encontro.
Brigavam. E como brigavam. Só se briga com quem se ama.
Sentiam ciúmes. Muitos ciúmes. Uma da inteligência da outra, ou outra da inocência de uma. Mas se completavam. Yin Yang, sol e chuva, vida e morte. Sem dúvidas precisavam uma da outra e seriam capazes de matar e morrer.
E eu assistia aquilo com tanta alegria, pois, eu tinha me tornado uma espécie robótica de ser humano, sem sonhos e voltado às necessidades básicas que precisamos. Comer, beber, dormir, trabalhar. Fazer coisas comuns, ser uma pessoa comum. Como a vida. Minha vida. Estava definitivamente preso a uma rotina sufocante. E digo aquilo, assim alheio, por não saber como denominar exatamente esse sentimento existente entre ambas. Não é somente amor, mas, algo metafísico.
Então quando uma tocou minha alma e a outra o meu juízo. Borboletas percorreram meu corpo e saiam por meus cabelos. O ar que invadiu meus pulmões tinha um cheiro sândalo. Ao vê-las toda e qualquer luz existente entre nós era âmbar. Nada podia afastá-las de mim e eu estava completamente preso a elas e me entreguei tão intensamente aos seus sentimentos que meu coração explodiu em lágrimas. Meus olhos declaravam que eu sentia um prazer incontestável em encontrá-las. Algo que há tempos meu corpo desconhecia. Que durou pouco. Seis meses aqui. E eternamente com elas aonde forem.
26/09/09.
Marckson de Moraes.
Meu destino
Ventos do Norte
Guiam barcos.
Conduzem marés.
Ares do Sul
Transportam nuvens.
Carregam pássaros.
Brisas do Leste
Derramam orvalho.
Diluem florestas.
Tempestades do oeste
Desenham desertos.
Lapidam montanhas.
Sou conduzido
carregado
diluído
lapidado a você.
22/02/2010
Marckson de moraes
Drico
Dançava e delirava em pensamentos carregados
como nuvens.
Caminhava e cantava por ruas desertas a procura de alguém
que voasse.
Te encontrei.
Sorrio e suspiro por teu cheiro doce
de cravo.
20/02/2010
Marckson de moraes
como nuvens.
Caminhava e cantava por ruas desertas a procura de alguém
que voasse.
Te encontrei.
Sorrio e suspiro por teu cheiro doce
de cravo.
20/02/2010
Marckson de moraes
Sempre depois da chuva
A vidraça do
bar voltou a ficar manchada pela água embaçada de uma poça que havia bem na
esquina. Armadilha fácil pra qualquer desavisado que não conhecesse aquele
metro quadrado, ou curioso que por acaso parasse para apreciar o movimento do
estabelecimento muito frequentado por mais variada clientela.
Era um bar de
centro da cidade, desses bares de paredes manchadas e cheiros encravados.
Prédio antigo, fascinante, guardava tanta história que chegara a ter vida própria.
Recanto de boêmios, artistas, prostitutas, amantes e solitários.
Como Luísa.
Mulher misteriosa. Pedia sempre a mesma bebida, no mesmo lugar, no mesmo
horário. Rotineiramente. Pontualidade britânica. Sempre depois da chuva.
Quando o sol
transpassava o último par de vitrais do alto da janela esquerda e refletia na
prateleira de cristais, que guardava os conhaques, uísques e licores, um raio
luminoso rebatia bem na direção de Luísa. E ficava aquela mulher tomando seu
gim com sua luz própria. Seu foco a quarenta-e-cinco-graus. Seus olhos
brilhavam tão intensamente quanto os cubos de gelo no copo. E sua alma nesse
exato momento ficava translúcida como sua bebida.
Luísa era
mais uma adotada por Madrinha, a dona do bar. Senhora de meia idade batizada
assim pelas putas do entorno que viam nela uma mãe, amiga e companheira. Não
que Luísa não tivesse casa, viva até bem. Possuía um apartamento de dois
quartos com varanda que dava para praça da república. Bem mobiliado e amplo.
Seu tempo
naquele bar se limitava aos fins de tarde. Tomava duas ou três doses calmamente
como se esperasse alguém. Uma amiga que não via há tempos, um parente aflito
por problemas familiares ou quem sabe um amor.
No começo as
pessoas estranharam. Ficou conhecida como a doida do chapéu. Por causa do seu
chapéu à zamparina, afinal todos eram curiosos. Uma proteção ou um charme? E
como num ritual, reza a etiqueta, tirava seu chapéu ao sentar e o colocava em
seu colo, tudo delicadamente desenhado. Os passos, a respiração, o sentar, a
postura, o beber, olhar pra rua e o esperar.
Com o passar
do tempo Luísa tornou-se parte daquele bar. Uma pintura dramática e vibrante
que decorava aquele ambiente. O mesmo gim, a mesma luz, o mesmo chapéu, quem
sabe até a mesma roupa. Seria Luísa uma louca?
Nunca a viram
com ninguém. Nem filhos, irmãos, amigos, nada. Segundo madrinha sua voz é leve
e terna. Parecia voz de professora. A única vez que se ouvia sua voz era para
pedir uma dose de gim e dois cubos de gelo.
Chegou a
fazer-se um bolão de apostas sobre sua profissão, secretária, aeromoça,
telefonista, até de puta aposentada com saudades da profissão ela foi
classificada.
Luísa, uma
figura incógnita que visitava aquele bar dentre as várias que circulavam por
lá. algumas às vezes paravam, outras só olhavam. Tinham os que mudavam de
calçada ao perceber que aquela fachada estupendamente gloriosa era a do famoso
bar.
Luísa adorava
aquele estabelecimento. Sentia-se a vontade, ria poucas vezes, não se sabe por
quê. Seus olhos aguardavam ansiosos para encontrar alguém. Estrategicamente
sentava onde sua visão seria ampla o suficiente para acompanhar os movimentos
internos e externos no bar.
E todos os
dias a mesma coisa: o chapéu, o gim, o sol.
Certo dia de
sol, não choveu. Dia atípico. Apenas uma leve brisa âmbar desenhava a silhueta
dos muros e prédios daquela cidade nortista e perfumou com chuva o asfalto
quente que descolava nos sapatos das pessoas.
Neste dia
Luísa trocou seu vestido. Dessa vez sem chapéu com uma bolsa pequena e
charmosa. Estava com um penteado bem armado e delicado. Elegantíssima. Pediu uísque.
Dose dupla, On the rock! Observou o
cubo de gelo derreter no fundo do copo antes de beber o último gole. Seco.
Rápido. Olhou o copo vazio, agradeceu a madrinha, perguntou pelo banheiro e
caminhou em direção a ele. Cantarolava uma canção e apertou a minúscula bolsa
como uma criança ao matar um passarinho com as próprias mãos. Abriu a porta,
respirou fundo e olhou pra rua. Ninguém familiar a ela apareceu naquele
instante.
A porta se
fechou e um tiro calou a agitação de todos no bar.
Marckson de Moraes – 08/02/2010.
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