sexta-feira, 17 de julho de 2009

Anteontem...

Estava em casa, assistindo um filme. Pensei:
- Alguém vai me ligar. E não ligou.
- Alguém vai me convidar pra sair. E não convidou.
- Algum amigo vai aparecer em casa e dizer que estava com saudades.
Mas, não apareceu. Não sai. Ninguém me ligou. Então decidi sair de mim.
A chave foi uma navalha antiga, do meu avô. Segurei-a firme. Tomei fôlego. E desisti. Não, não, muito trágica essa morte.
Vou usar uma lâmina, pensei. Comecei a rir.
Não tinha lâminas em casa, eu uso Prestobarba, tenho poucos pêlos no rosto.
Uma faca!
Sim clássico, vou cortar os pulsos, sangrar até a minha última esperança sair por meus poros.
Foi o que fiz.
Cortei bem fundo.
O quanto pude.
E a última imagem que tive foi de você chegando me agarrando nos braços e dizendo que me amava. Te beijei e não consegui distinguir o gosto do sangue e dos teus lábios. Mas morri com a certeza de que não estava abandonado.
Porque nem tudo na vida é dor. Nada na vida se perde.

17/07/09
marckson de moraes

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